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15 de outubro de 2011

Lontra Marinha & Golfinho

Um mamífero marinho é um mamífero que habita principalmente no oceano ou depende dele para se alimentar.
                                                                      Lontra marinha.


Características.
  • O pêlo é de cor castanha escura em quase todo o corpo e é constituído por 2 camadas muito densas.
  • Não possui capa de gordura.
  • A cauda é longa , espessa e achatada.
  • As patas são curtas e com 5 dedos unidos por uma membrana interdigital. o que propicia uma natação rápida e potente.
  • Os olhos são pequenos e vivos.
  • O fucinho apresenta longos pêlos sensoriais - "as vibrissas".
  • O macho mede em média 120cm e pesa entre 9 e14kg, sendo a fêmea ligeiramente menor e mais leve.
  • Não possui dentes fortes o suficiente para quebrar carapaças dos ouriços do mar, caranguejos mariscos de que se alimenta. Utiliza pedras do fundo do mar para as quebrar.
Onde vive :

  • No litoral da América do Norte e norte da Ásia, principalmente no Mar de Bering.
  • No Alasca.
  • Na península de Kamtchaca.
Tipo de alimentação :
  • Alimenta-se sobretudo de PEIXE, mas também come :
  • Crustáceos
  • Moluscos
  • Ouriços do Mar
Como nasce ?

É um animal cujo embrião se desenvolve dentro do corpo da mãe , pertence a classe Vivíparos:

  • A gestaçao dura 9 semanas e nascem duas a três crias que permanecem com a mãe até 1 ano de idade.
Curiosidades.

  • A lontra eh um animal essencialmente noturno.
  • Pode reproduzir-se durante o ano todo , mas acasala-se geralmente na primavera e no final do inverno.
  • Vive entre 6 a 8 anos.
  • Consegue saltar distâncias de 50 cm ou mais.
  • Percorrem muitos quilômetros.


GOLFINHO

Característica

  • Não tem orelhas apenas dois pequenos orifícios que ficam juntos aos olhos.
  • Têm pulmões como qualquer mamífero, pelo que precisam de vir regularmente à superfície
  • As caldas estão divididas em duas partes semelhantes e remos. Estão dispostas na horizontal e não na vertical.
  • Desloca-se na água impulsionado por ondulações da calda.


Onde vive ?

  • Vive nos oceanos , em águas costeiras , água doce ou salgada.

Tipo de alimentação:

  • Alimenta-se de peixes, custráceos, polvos e lulas.
Como nasce ?

  • É um animal cujo embrião se desenvolve dentro do corpo da mãe, pertence a classe dos vivíparos;
  • A gestação é de aproximadamente doze meses, nasce apenas uma cria que pesa cerca de 10kg e mede entre 0,8 a 1,2 metros.
  • A época de acasalamento é entre Março e Abril.
Curiosidades.

  • São úteis na terapia de crianças com comportamento autistas e com atrasos psicomotores.
  • Dormem, acasalam e dão luz debaixo da água.
  • A barbatana dorsal ajuda-o a manter o equilíbrio.
  • Dão muitos saltos fora da água, depois deslizam à superfície e voltam a mergulhar. Esta técnica de mergulho permite-lhe respirar sem precisar parar.
  • Pode viver entre 25 a 30 anos.
  • Às vezes, salta até 5 metros acima da água. Pode nadar até a uma velocidade de 40Km/h e mergulhar a grande profundidade.





    Mamíferos marinhos


    Os mamíferos marinhos possuem todas as características de um mamífero, que as diferenciam dos restantes grupos zoológicos: são animais de sangue quente (homeotérmicos), com a capacidade de manterem a sua temperatura corporal constante; possuem pêlo, respiram por pulmões; são vivíparos e alimentam as suas crias com leite.
     
    São conhecidos como mamíferos marinhos porque dependem dos oceanos para se alimentarem. Como tal, este grupo possui adaptações especiais, sofrendo adaptações ao longo do seu processo evolutivo, que os tornam extremamente bem adaptados a este meio: possuem uma camada de gordura que lhes confere hidrodinamismo, facilitando a natação e ajudando na manutenção da sua temperatura e os seus membros deram origem a barbatanas; possuem características especiais que lhes permitem mergulhar a grandes profundidades durante longos períodos, conservando o oxigénio necessário à respiração.
     
    Todos os mamíferos marinhos descendem de ancestrais terrestres, que viram nos oceanos uma oportunidade de escapar a predadores e uma fonte adicional de alimento.
     
    Existem 5 grupos distintos de mamíferos marinhos, que compreendem um total de cerca de 120 espécies:
    Pinípedes (focas, leões-marinhos, otárias e uma única espécie de morsa); Cetáceos (baleias e golfinhos); Sirenídeos (manatins e o dugongo); lontras marinhas e, por fim, os ursos polares.

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    Animais Mamíferos

    animal mamífero - baleia azul Baleia Azul: o maior mamífero do mundo

    Introdução 
    Dentro da classificação dos animais vertebrados, os mamíferos são os mais importantes. As fêmeas desta espécie possuem glândulas mamárias que secretam leite, alimento indispensável aos mamíferos da mais tenra idade.
    Informações sobre os mamíferos 
    A maioria dos mamíferos possui pêlos, alguns possuem o corpo parcialmente coberto,enquanto que outros possuem pêlos por todo o corpo.

    Objetivamente podemos dizer que seu coração possui as seguintes características: quatro câmaras, artéria aorta curvada para a esquerda ediafragma que separa as cavidades do peito do abdômen.
    sangue dos mamíferos mantém-se sempre aquecido, ou seja, esta espécie possui uma temperatura corporal que independente da temperatura do meio externo.

    O grupo dos animais mamíferos é bastante vasto, fazem parte deste grupo os Marsupiais (exemplos: gambá, cangurú e coala), espécies na qual ocorre o desenvolvimento da cria principalmente na parte externa do corpo da fêmea, dentro de uma bolsa chamada marsúpio.

    Também se incluem neste grupo animais carnívoros terrestres como, por exemplo, gato, cachorro e urso, assim como animais aquáticos como foca, leão marinho e morsa.

    Há ainda outros mamíferos aquáticos como as baleias, os golfinhos, que fazem parte da ordem cetácea (animais marinhos pertencentes à classe dos mamíferos), peixes-boi, dugongos, que são os menores membros da ordem Sirenia (ordem de mamíferos marinhos).

    Os elefantes (da ordem proboscídea) são mamíferos placentários, que se caracterizam pela presença de um nariz desenvolvido em forma de tromba; os morcegos, que são os únicos animais mamíferos (ordem Chiroptera) capazes de voar, representam um quarto de toda a fauna de mamíferos do mundo.

    Há ainda outros mamíferos pertencentes a outras diferentes ordens como a preguiça, o tatu e o tamanduá (ordem Edentata); o castor, a marmota, o porco espinho e o esquilo (ordem Rodentia).

    Há dois grupos de animais mamíferos de casco, sendo eles a maior parte dos membros da ordem dos Perissodactyla (grupo de mamíferos terrestres ungulados com um número ímpar de dedos nas patas, que inclui os cavalos, os tapires e os rinocerontes) e a ordem Artiodactyla (os artiodátilos formam uma ordem de animais mamíferos ungulados com um número par de dedos nas patas, é um grupo muito variado, com cerca de 220 espécies descritas, que incluem muitos animais com grande importância econômica para o homem, como o boi, a cabra, o camelo, o hipopótamo, o porco, etc.).

    Os Humanos também pertencem ao grupo dos animais mamíferos (ordem dos Primatas) e os macacos também seguem esta mesma ordem. 
    Classificação científica dos mamíferos:
    Domínio: Eukaryota
    Reino: Animalia
    Subreino: Metazoa
    Filo: Chordata
    Subfilo: Vertebrata
    Infrafilo: Gnathostomata
    Superclasse: Tetrapoda
    Classe: Mammalia
    Curiosidade : a baleia azul (Balaenoptera musculus) é o maior mamífero do mundo. Seu comprimento é de aproximadamente 30 metros e seu peso pode chegar a 140 tonedas.

    7 de outubro de 2011

    FOTOS


















    Baleias


    Anatomia

    Baleia. As nadadeiras de uma baleia são membros locomotores atrofiados, remanescentes do período em que seus antepassados eram quadrúpedes. A despeito de sua aparência externa, tem uma estrutura óssea interna bem semelhante à dos membros anteriores dos mamíferos terrestres.
    As narinas de uma baleia localizam-se bem no alto de sua cabeça. Subindo à superfície após a submersão prolongada, expele através dela o ar quente e úmido dos pulmões, o qual se condensa em contato com a atmosfera, formando uma coluna de gotículas de água, que às vezes se ergue à altura de mais de seis metros.
    A cauda é grande, e constitui o principal órgão propulsor de deslocamento da baleia. O corpo é coberto por uma camada de gordura que ajuda na flutuação do animal e a manter o calor. Essa gordura também funciona como meio para armazenar energia. A audição é o sentido mais importante das baleias. Sabe-se que produzem ao menos dois tipos de sons: os que intervêm em seu sistema de ecolocalização e as vocalizações. Os sons de ecolocalização funcionam como uma espécie de sonar biológico, enquanto as vocalizações são as conhecidas canções das baleias, que parecem ser um meio de comunicação entre os membros da mesma espécie.
    A baleia pode viver 30 anos em média, porém já foi registrada uma baleia que chegou até os 50 anos. Pode chegar a 20 km/h.

    Alimentação

    Apesar de sua imensa boca, todas as baleias têm o esôfago muito estreito. Por isso, nutrem-se de pequenos peixes e organismos marinhos, que recolhem enchendo a boca de água e depois deixando-a escoar através de uma rede de 400 lâminas ósseas, as quais substituem os dentes - que as baleias não têm.

    Respiração

    A baleia é um animal de sangue quente, encontrado principalmente nas águas geladas da região antártica. Os pulmões da baleia são excelentes, mas ela é extremamente econômica em matéria de respiração: desde que inspira o ar até o momento em que o expira, às vezes transcorrem até 20 minutos. Isso lhe permite mergulhar a grandes profundidades e permanecer submersa, enganando assim os baleeiros (caçadores).
    A foto abaixo mostra uma baleia Franca, que no século passado, foi muito caçada devido ao seu óleo, que chegou a iluminar a cidade de Buenos Aires. Hoje, essas baleias são patrimônio turístico e o seu único inimigo é a gaivota, que morde sua carne e deixa feridas sobre a pele da baleia.

    Baleia Franca

    Caça à baleia franca.

    Da pré-história à extinção

    É indiscutível que os antepassados mais remotos da baleia foram grandes mamíferos que viveram no período eoceno (50 milhões de anos atrás), os quais adotaram o mar como residência, quando lhes pareceu perigoso permanecer em terra.
    A baleia que representa o ramo mais novo dessa antiga família, também enfrenta esse problema: das milhões de baleias que existiram nos mares de todo o mundo restam tão poucas que a caça de aproximadamente 55.000 animais por ano condenou toda a família à extinção. A Comissão Internacional da Baleia (que reúne 15 países) fixou o limite de caça em 1976, para 20.000 baleias por ano. No entanto, as medidas estabelecidas para a preservação do animal geralmente não têm sido respeitadas, sobretudo pelo Japão e pela União Soviética, seus maiores exploradores.

    Ordem dos Cetáceos

    Baleia, nome comum de qualquer um dos mamíferos marinhos que constituem a ordem dos Cetáceos. Diferenciam-se do resto dos mamíferos porque passam toda a vida na água, desde que nascem até morrerem. O termo "cetáceo" é usado para denominar, de modo geral, as 78 espécies de baleias, delfins e toninhas que existem. Em geral, as espécies que têm mais de 4 metros de comprimento são chamadas baleias, enquanto as espécies menores formam o grupo dos delfins e das toninhas. A maioria das baleias pequenas, dos delfins e das toninhas pertence à subordem das baleias com dentes. Na atualidade, existem cerca de 40 espécies de baleias e metade delas é considerada rara.

    Baleia Azul

    Baleia-azul ou rorqual-azul ou gigante, é a maior espécie de baleia que existe e é também o maior animal existente na Terra. Uma baleia azul já chega ao mundo com quase sete metros de comprimento e pesando perto de quatro toneladas. Depois que cresce, o exagero se acentua ainda mais: passa a medir até 34,5 metros e a pesar 150 toneladas. Suas nadadeiras ficam com 5 metros de comprimento cada uma e a cauda, com 7 metros. Para conduzir somente a sua língua, basta um caminhão médio, pois ela pesa apenas 3 toneladas. Mas para transportar toda sua carne, é preciso mais: são 60 toneladas de músculos e 30 de gordura. Muita gente imagina a baleia como a própria imagem de ferocidade, mas é uma injustiça. No fundo ela é um animal pacato e com um grande coração (430 quilogramas).
    O corpo é cinza, com manchas pálidas, cuja disposição é um caráter distintivo de cada indivíduo, como as impressões digitais dos seres humanos. A tonalidade azul aparece quando está submersa e o dia é ensolarado.
    Costuma caçar aos pares e se alimenta de plâncton e peixes. De maneira semelhante ao resto das baleias com barbatanas, ela abre a boca para deixar entrar a maior quantidade de água possível, força a água para que passe pelas barbatanas e o alimento fica preso.
    Os sons que emite podem viajar através do oceano até distâncias de 160 km, o que lhe permite comunicar-se com outras baleias que se encontrem longe.
    • Família dos Balenopterídeos;
    • Ordem dos Cetáceos;
    • Subordem dos Misticetos;
    • Recebe o nome científico de Balaenoptera musculus.

    Baleia Jubarte

    Também chamada baleia-xibarte, é a baleia mais bem conhecida de todas as existentes. Realiza migrações entre as águas polares e as subtropicais; nas primeiras é onde se alimenta no inverno, enquanto nas outras dá à luz a sua única cria, denominada baleote. Pode alcançar 15 m de comprimento e o dorso é arqueado ou corcunda (daí seu nome). Costuma saltar no ar, por cima da água, deixando visível todo o seu corpo.
    Lançam-se sobre grandes concentrações de suas presas (invertebrados e peixes), abrindo a boca e engolindo toneladas de água junto com elas. Depois, empurram com a língua a água pra dirigi-las com força até as barbatanas, que atuam como uma grande peneira, retendo o alimento e expulsando a água.
    • Família dos Balenopterídeos;
    • Ordem dos Cetáceos;
    • Subordem dos Misticetos;
    • É classificada com o nome científico de Megaptera novaeanglia.

    Baleia Jubarte

    Baleia Jubarte

    Baleia Cinza

    Espécie de tamanho médio que atualmente habita somente a zona norte do oceano Pacífico. É um dos mamíferos que realiza uma das migrações mais longa, pois percorre uma distância de 10.000 km desde as baías do norte do México, onde a fêmea dá à luz a sua cria no inverno, até o norte do mar de Behring, onde se alimenta (no verão), de invertebrados que filtra com suas barbatanas. Sua pele, salpicada de cor negra, cinza e branca, forma um desenho característico que permite diferenciar cada indivíduo.
    • É a única espécie vivente da família dos Escrictídeos;
    • Subordem dos Misticetos;
    • Ordem dos Cetáceos;
    • É a espécie classificada como Eschrichtius robustus.
    Baleia.

    Parentes da baleia

    A ordem dos cetáceos é uma confraria que reúne tipos dos mais variados:
    • O delfim ou golfinho (nome científico = Tursiops truncatus)
    • O cachalote (nome científico = Physeter catodon), que mora no mar.
    • Narval (nome científico: Monodon monoceros), que é bem menor, não passa de 6 metros.
    • A orca (nome científico = Orcinus orca), que é uma espécie de ovelha negra entre os pacíficos cetáceos. Ferocíssima, vive em bandos, que atacam as baleias e as dilaceram completamente ainda vivas, sem ligar a mínima importância ao parentesco.

    Derivados da baleia

    Durante quase toda a Idade Média, o objetivo principal da caça era a carne do animal. Já no século XVIII, aproveitava-se a gordura. Da gordura, parte da carne, dos ossos e até das tripas, podem extrair-se, com um sistema de pressão à vapor, perto de 25 toneladas de óleo ou 160 barris para fazer sabão e margarina. Do fígado provém o óleo riquíssimo em vitamina A, e do espermacete - substância gordurosa sólida da região frontal da cabeça - retira-se o óleo usado antigamente para a fabricação de velas e que vem sendo cada vez mais utilizado na indústria têxtil, de lubrificantes e cosméticos.
    Baleia.
    Os derivados da baleia abrangem desde marfins das barbatanas até rações animais, carne congelada comestível, extratos de carne e fígado, extratos hormonais e fertilizantes (da carcaça).

    Classificação científica

    As baleias, os delfins e as toninhas pertencem à ordem dos Cetáceos. Esta ordem é subdividida em duas subordens: os Odontocetos, ou baleias com dentes, e os Misticetos, ou baleias de barbatanas.


    Mais em: http://www.webciencia.com/14_baleia.htm#ixzz1a7FIWitO

    Sistema e evolução

    Sistemática e Evolução


    Pinípedes
    Sistemática
    O nome “pinípede” deriva dos termos em latim pinna e pedis e significa “pé em forma
    de pena”, referindo-se aos membros anteriores e posteriores dos animais com extensas
    membranas interdigitais, usados para locomoção na água. Todos os pinípedes modernos
    são animais adaptados para o meio aquático membros da Ordem Carnivora e se dividem
    em 3 famílias monofiléticas: Otariidae (lobos- e leões-marinhos), Odobenidae (morsas)  e
    Phocidae (focas).
    Atualmente se reconhecem 33 espécies de pinípedes, espalhados por todo o mundo:
    18 focídeos, 14 otarídeos e a morsa. Veja o Quadro 1 para uma lista completa das espécies.
    De uma estimativa de 50 milhões de pinípedes existentes, aproximadamente 90% são
    focídeos e os 10% restantes são otarídeos e odobenídeos.
    Evolução
    Apesar de no passado a validade do clade Pinnipedia ter sido alvo de muitas
    discussões, devido a uma possível difilia, hoje em dia ele é apoiado por diversas
    características morfológicas e moleculares. Contudo, algumas dúvidas ainda existem,
    especialmente quando são analisados os fósseis mais antigos de focídeos e otarídeos.
    Os pinipediomorfos mais antigos (ex. Enaliarctos) aparecem no registro fóssil há 27-
    25 Maa (milhões de anos atrás) no Pacífico Norte. As linhagens dos pinípedes modernos se
    diferenciaram pouco tempo depois, com o aparecimento de focídeos (Fam. Phocidae) no
    Atlântico Norte. Os focídeos são normalmente divididos em dois grupos, os "monachine" e
    os Phocinae. A monofilia dos monachines foi questionada com base em dados morfológicos.
    As morsas (Fam. Odobenidae) surgiram 10 milhões de anos depois dos focídeos, no
    Pacífico Norte. O registro fóssil mostra que as grandes presas que são características de
    ambos os sexos de morsas atuais, não estavam presentes em seus ancestrais. A última
    linhagem de pinípede a surgir no registro fóssil foram os otarídeos (Fam. Otariidae), que só
    são conhecidos desde 11 Maa no Pacífico Norte. Dados morfológicos apoiam a monofilia
    dos leões-marinhos (subfam. Otariinae) mas não dos lobos-marinhos (subfam.
    Arctocephalinae).
    A posição das morsas com relação aos outros pinípedes ainda é um motivo de
    discussão. Os dados morfológicos apoiam uma união entre focídeos e odobenídeos,
    enquanto que os dados moleculares apoiam consistentemente uma união entre otarídeos e
    a morsa. A resposta para essa dúvida deverá vir no futuro com novas análises morfológicas
    e moleculares.


    Cetáceos
    Sistemática
    O nome da ordem Cetacea vem do grego ketos que significa baleia ou monstro
    marinho. Os cetáceos e os sirênios (veja abaixo) são os únicos mamíferos marinhos que
    passam toda a sua vida dentro d’água. Ao contrário dos pinípedes que usam principalmente
    os pêlos como isolante térmico, os cetáceos possuem uma espessa camada de gordura, o
    “blubber”. Os membros traseiros estão ausentes e a propulsão é dada através de
    nadadeiras caudais horizontais. Os membros anteriores não possuem dedos
    individualizados externamente, tendo a forma de remos, e são usados para a manutenção
    da estabilidade durante o nado.
    A monofilia dos cetáceos (Ordem Cetacea) é amplamente aceita nos dias de hoje,
    contudo ainda há alguma controvérsia sobre se os artiodáctilos (ungulados com dedos
    ímpares, incluindo veados, antílopes, camelos, porcos e hipopótamos) seriam os animais
    atuais mais próximos dos cetáceos ou se alguns artiodáctilos  (i.e. fam. Hippopotamidae)
    seriam mais similares aos cetáceos do que de outros artiodáctilos. A primeira hipótese  é
    apoiada pelos morfologistas, enquanto que a segunda é apoiada por sistematas
    moleculares.
    Os cetáceos atuais se dividem em duas sub-ordens: Odontoceti e Mysticeti. Todos
    os cetáceos modernos se diferenciam dos seus ancestrais por diversas características, mas
    a mais marcante é a migração das aberturas nasais para o alto do crânio. Esse processo é
    denominado de telescopia, e é causado por uma migração em direção posterior dos ossos
    pré-maxilares e maxilares. Estes ossos formam grande parte do teto anterior do crânio  e
    também um longo “bico” (rostro) e as aberturas nasais.
    As baleias verdadeiras atuais (misticetos) são caracterizadas por seu aparato
    alimentar altamente diferenciado, onde foram perdidos os dentes e houve o surgimento de
    placas de tecido epitelial cornificado (barbatanas ou “baleen”) que ficam suspensas do céuda-boca e servem para filtrar o alimento da água. De um modo geral todas as baleias são
    animais grandes e possuem cabeças proporcionalmente grandes. Em nenhuma espécie de
    misticeto há a fusão da sínfise mandibular, havendo ligação dos dois ramos mandibulares
    unicamente através de tecido conectivo e ligamentos. A sub-ordem Mysticeti é dividida em 4
    famílias: Balaenopteridae (rorquais), Balaenidae (baleias-franca e baleia bowhead),
    Eschrictiidae (baleia-cinza) e Neobalaenidae (baleia-franca pigméia). Veja o Quadro 2 para4
    uma lista completa das espécies de misticetos. A filogenia das família de misticetos ainda
    não está completamente resolvida, havendo resultados conflitantes entre diversos estudos
    moleculares e entre estes e estudos morfológicos.
    Os odontocetos atuais são divididos em 10 famílias: Ziphiidae (baleias bicudas),
    Physeteridae (cachalote), Kogiidae (cachalotes-anões), Platanistidae (golfinhos de rio
    asiáticos), Pontoporiidae (toninha), Lipotidae (baiji), Iniidae (boto da Amazônia), Delphinidae
    (golfinhos, orca e baleias-piloto), Phocoenidae (marsopas) e Monodontidae (narval  e
    beluga). Veja o Quadro 3 para uma lista completa da espécies. A monofilia dos odontocetos
    é outra área de controvérsia. Alguns dados de seqüências moleculares apoiam uma maior
    proximidade de cachalotes (fam. Physeteridae) e as baleias de barbatanas (sub-ordem
    Mysticeti) do que entre os cachalotes e outros odontocetos. Os dados morfológicos vão
    contra esta hipótese, e alguns estudos feitos no final da década de 90 utilizando dados de
    fósseis e espécies recentes apoiaram a monofilia.
    Evolução
    Aparentemente os cetáceos se originaram da família Mesonychidae, um grupo de
    carnívoros predominantemente terrestres parecidos com lobos ou hienas. Os cetáceos mais
    antigos foram os arqueocetos, um grupo basal parafilético que surgiu aproximadamente 50
    Maa (Eoceno médio) e são mais conhecidos por fósseis encontrados na Índia e no
    Paquistão. Descobertas recentes indicam que estas “baleias” tinham membros posteriores.
    Aparentemente os ancestrais dos cetáceos se distribuíam ao longo da margem ocidental do
    Mar de Tethys, que era um mar raso e provavelmente muito produtivo. Estimativas para
    datas de divergência entre misticetos e odontocetos, a partir de um ancestral comum
    arqueoceto, variam de 25 a 35 Maa, dependendo se as estimativas são calibradas a partir
    de dados morfológicos ou moleculares. Há evidências de que alguns misticetos arcaicos
    possuíam tanto dentes como barbatanas. Formas posteriores mais divergentes de
    misticetos perderam os dentes mas mantiveram as barbatanas. A relação entre as famílias
    atuais de misticetos ainda não está resolvida, devido a conflitos entre dados morfológicos e
    moleculares. As relações entre os odontocetos são tão ou mais controversas do que  a
    monofilia deste grupo. Mas há consenso, tanto a partir de dados morfológicos como
    moleculares, de que as baleias bicudas (fam. Ziphiidae) e os cachalotes são odontocetos
    basais. Ou seja, são menos divergentes do ancestral que deu origem a todos os
    odontocetos. A relação entre as outras linhagens de odontocetos atuais precisa de mais
    estudos para ser resolvida.

    Sirênios
    Sistemática
    A ordem Sirenia tem seu nome derivado da mitologia grega, onde as sereias
    recebiam o nome de “sirenias”. Atualmente dentro desta ordem são reconhecidas  3
    espécies de peixes-boi e uma de dugongo. São caracterizados por possuírem um corpo
    relativamente grande e robusto, focinhos virados para baixo, membros anteriores em forma
    de nadadeiras arredondadas e uma cauda horizontal. Os peixes-boi se diferenciam dos
    dugongos por seu tamanho menor, uma cauda arredondada ao invés de meia-lua e uma
    menor deflexão do focinho. Esta última característica permite aos peixes-boi se alimentarem
    em toda a coluna d’água e não apenas no fundo.
    A ordens e divide em duas famílias: Trichechidae e Dugongidae. A família
    Trichechidae inclui 3 espécies atuais: Trichechus manatus (peixe-boi marinho), T. inunguis
    (peixe-boi amazônico) e T. senengalensis (peixe-boi africano). A monofilia da família  é
    apoiada por diversos caracteres do crânio. A família Dugongidae é composta por duas subfamílias monofiléticas: Dugonginae e Hydrodamalinae. A primeira inclui apenas uma espécie
    atual,  Dugon dugon, que se distribui em regiões costeiras do Indo-Pacífico. Ela  é
    caracterizada por uma cauda em forma de meia-lua e pela presença de dimorfismo sexual
    no tamanho dos primeiros incisivos, que nos macho se desenvolvem em forma de presas. A
    sub-família Hydrodamalinae inclui a recentemente extinta Hydrodamalis gigas, a vacamarinha de Steller que ao contrário das outras espécies de sirênios que vivem em regiões
    tropicais e subtropicais, era adaptada para o frio e vivia no Mar de Bering.
    Evolução
    A monofilia dos sirênios (ordem Sirenia) é amplamente aceita e os elefantes (fam
    Proboscidea) são considerados como sendo os animais atuais mais próximos. Os sirênios,
    elefantes e os desmostilia (extintos) formam um clade monofilético denominado Tethyteria.
    O registro fóssil dos sirênios se estende até aproximadamente 50 Maa. Os sirênios
    primitivos provavelmente eram herbívoros semi-aquáticos fluviais os estuarinos, com
    membros posteriores funcionais. Os peixes-boi (fam. Trichechidae) provavelmente se
    originaram dos dugongos (fam. Dugongidae). Uma linhagem extinta dos dugongos
    provavelmente originou a recentemente extinta vaca-marinha de Steller.
    Outros Mamíferos Marinhos
    A lontra-marinha moderna (Enhydra lutris) surgiu no Pacífico Norte entre 1 e 3 Maa.
    Entre as lontras-marinhas fósseis se encontra Enhydritherium que provavelmente habitava
    grandes rios e lagos, bem como a região costeira. A linhagem de mamíferos marinhos que6
    surgiu mais recentemente foi a dos ursos-polares  (Ursus maritimus), que parece ter
    divergido dos ursos-pardos a menos de 500 000 anos.


    Quadro 1. Taxonomia dos Pinípedes, de acordo com Rice (1998).

    Família Phocidae

    • Subfamília Phocinae Nome Comum
    • Cistophora cristata foca de capuz
    • Erignathus barbatus foca barbada
    • Halichoerus grypus foca cinzenta
    • Histriophoca fasciata foca de anel
    • Pagophilus groenlandicus foca da Groenlândia
    • Phoca fasciata foca de faixa
    • Phoca largha foca Larga, foca pintada
    • Phoca vitulina foca do porto/comum
    • Pusa hispida foca anelada/marmoreada
    • Pusa caspica foca do Cáspio
    • Pusa sibirica foca do Baikal
    • Subfamília Monachinae
    • Monachus tropicalis foca frade caribenha (extinta)
    • M. monachus foca frade mediterrânea
    • M. schauinslandi foca frade do Havaí
    • Mirounga angustirostris elefante-marinho do norte
    • Mirounga leonina elefante-marinho do sul
    • Hydrurga leptonyx foca leopardo
    • Leptonychotes weddellii foca de Weddell
    • Lobodon carcinophaga foca caranguejeira
    • Ommatophoca rossii foca de Ross
    • Família Otariidae
    • Subfamília Arctocephalinae
    • Arctocephalus australis lobo-marinho sul-americano
    • Arctocephalus forsteri lobo-marinho da Nova Zelândia
    • Arctocephalus galapagoensis lobo-marinho das Galápagos
    • Arctocephalus gazella lobo-marinho antártico
    • Arctocephalus philippii lobo-marinho de Juan Fernandez
    • Arctocephalus pusillus lobo-marinho australiano
    • Arctocephalus townsendi lobo-marinho de Guadalupe
    • Arctocephalus tropicalis lobo-marinho subantártico
    • Subfamília Otariinae
    • Callorhinus ursinus lobo-marinho do norte
    • Eumetopias jubatus leão-marinho de Steller
    • Neophoca cinerea leão-marinho australiano
    • Otaria flavescens leão-marinho sul-americano
    • Phocarctos hookeri leão-marinho de Hooker
    • Zalophus californianus leão-marinho da Califórnia, Japão
    • ou Galápagos
    • FamíIia Odobenidae
    • Odobenus rosmarus morsa8

    Quadro 2. Taxonomia da sub-ordem Mysticeti, de acordo com Berta e Sumich (1999).

    • Família Balaenidae Nome Comum
    • Eubalaena glacialis Baleia-franca do norte
    • Eubalaena australis Baleia-franca do sul
    • Balaena mysticetus Baleia “bowhead”
    • Família Neobalaenidae
    • Caperea marginata Baleia-franca pigméia
    • Família Eschrictiidae
    • Eschrictius robustus Baleia-cinza
    • Família Balaenopteridae
    • Megaptera novaengliae Jubarte
    • Balaenoptera acutorostrata Minke
    • Balaenoptera bonaerensis Minke antártica
    • Balaenoptera borealis Sei
    • Balaenoptera edeni Baleia de Bryde
    • Balaenoptera physalus Fin
    • Balaenoptera musculus Baleia-azul

    Quadro 3. Taxonomia da sub-ordem Odontoceti, de acordo com Rice (1998).

    • Família Ziphiidae Nome Comum
    • Berardius arnuxii Baleia-bicuda de Arnoux
    • Berardius bairdii Baleia-bicuda de Baird
    • Hyperoodon ampullatus Baleia-bicuda de nariz-degarrafa do norte
    • Hyperoodon planifrons Baleia-bicuda de nariz-degarrafa do sul
    • Mesoplodon (14 espécies)
    • Tasmacetus shepardi Baleia-bicuda de Tasman
    • Ziphius cavirostris Baleia-bicuda de Cuvier
    • Família Physeteridae
    • Physeter macrocephalus Cachalote
    • Família Kogiidae
    • Kogia breviceps Cachalote pigmeu
    • Kogia sima Cachalote anão
    • Família Platanistidae
    • Platanista gangetica Susu do Ganges
    • Platanista minor Susu do Indus
    • Família Pontoporiidae
    • Pontoporia blainvillei Toninha, franciscana
    • Família Lipotidae
    • Lipotes vexillifer Baiji, golfinho do Yang-tse
    • Família Phocoenidae
    • Noephocoena phocoenoides Marsopa sem dorsal
    • Phocoena (Australophocoena)
    • dioptrica
    • Marsopa de óculos
    • Phocoena phocoena Marsopa do porto
    • Phocoena sinus Vaquita
    • Phocoena spinipinnis Marsopa de dorsal espinhosa
    • Phocoenoides dalli Marsopa de Dall9
    • Família Monodontidae Nome Comum
    • Delphinapterus leucas Beluga


    • Monodon monocerus Narval
    • Família Iniidae
    • Inia geoffrensis Boto-vermelho ou da Amazônia
    • Inia boliviensis “ “
    • Família Delphinidae
    • Cephalorhynchus commersonii Golfinho de Commerson
    • Cephalorhynchus eutropia Golfinho negro
    • Cephalorhynchus heavisidii Golfinho de Heaviside
    • Cephalorhynchus hectori Golfinho de Hector
    • Steno bredanensis Golfinho-de-dentes rugosos
    • Sousa teuszii Golfinho-corcunda do Atlântico
    • Sousa plumbea Golfinho-corcunda do Índico
    • Sousa chinensis Golfinho-corcunda do IndoPacífico
    • Sotalia fluviatilis Boto-cinza
    • Família Delphinidae
    • Tursiops truncatus Boto, golfinho-flipper
    • Tursiops aduncus Golfinho-flipper do IndoPacífico
    • Stenella attenuata Golfinho-pintado
    • Stenella frontalis Golfinho-pintado do Atlântico
    • Stenella longirostris Golfinho-rotador
    • Stenella clymene Golfinho-rotador de bico curto
    • Stenella coeruleoalba Golfinho-listrado
    • Delphinus delphis Golfinho-comum
    • Delphinus capensis Golfinho-comum de bico longo
    • Delphinus tropicalis Golfinho-comum da Arábia
    • Grampus griseus Golfinho de Risso
    • Lagenodelphis hosei Golfinho de Fraser
    • Lagenorhynchus albirostris Golfinho-de-bico-branco
    • Lagenorhynchus acutus Golfinho de flanco branco do
    • Atlântico
    • Lagenorhynchus obliquidens Golfinho de flanco branco do
    • Pacífico
    • Lagenorhynchus obscurus Golfinho-escuro
    • Lagenorhynchus australis Golfinho de Peale
    • Lagenorhynchus cruciger Golfinho-ampulheta
    • Lissodelphis peronii Golfinho-franco do sul
    • Lissodelphis borealis Golfinho-franco do norte
    • Peponocephala electra Baleia-cabeça-de-melão
    • Feresa attenuata Orca-anã
    • Pseudorca crassidens Falsa-orca
    • Orcinus orca Orca, “baleia assassina”
    • Globicephala melas Baleia-piloto de peitorais longas
    • Globicephala macrorhynchus Baleia-piloto de peitorais curtas
    • Orcaella brevirostris Golfinho do Irrawaddy10

    Biogeografia de Mamíferos Marinhos 


    Para se compreender a distribuição de uma espécie é necessário que se tenha
    conhecimento tanto de sua ecologia com de sua história evolutiva. As necessidadesecológicas de um espécie limitam onde ela possa viver. Para os mamíferos marinhos os
    padrões de temperatura da água e a distribuição de produtividade primária influenciam suas
    distribuições atuais e passadas. As distribuições dos mamíferos marinhos atuais podem ser
    classificadas como cosmopolitas, anti-tropicais (disjuntas) e endêmicas.
    Dois grandes processos históricos influenciaram a distribuição geográfica das
    espécies: dispersão (movimento de uma espécie para uma área) e vicariância (formação de
    uma barreira que divide a área ocupada por uma espécie). Um cladograma de área pode
    mostrar as relações filogenéticas entre espécies que habitem áreas diferentes. Se  a
    distribuição geográfica das espécies for determinada principalmente por eventos vicariantes
    então o cladograma de área de um taxon deverá ser similar à história geológica da área
    ocupada. Filogenias já foram utilizadas para se estudar a biogeografia de relações
    hospedeiro-parasita (p.ex. nematódeos e focídeos) e a evolução e biogeografia da ecologia
    alimentar de peixes-boi.
    Para os pinípedes, a biogeografia histórica sugere alguns padrões. Os estágios
    iniciais da evolução dos odobenídeos se deu no Pacífico Norte. De lá as linhagens das
    morsas modernas entraram no Caribe a partir do Pacífico através da Passagem da América
    Central (5 a 8 Maa) e se dispersaram para o Atlântico Norte. Para os otarídeos a evolução
    ocorreu principalmente no Pacífico Norte e os lobos- e leões-marinhos se dispersaram para
    o hemisfério sul a aproximadamente 6 Maa. Já para os focídeos sua história evolutiva se
    iniciou no Atlântico Norte. Se formos aceitar a monofilia dos pinípedes precisa-se supor que
    um ancestral comum dos focídeos tenha migrado para essa área através da Passagem da
    América Central. Deteriorações climáticas teriam resultado em uma migração das focas
    monachinae para o sul, enquanto que os focinae se adaptavam para climas mais frios ao
    norte. Aparentemente os monachinae se diversificaram nas águas frias do hemisfério sul,
    para formar a atual fauna de focídeos antárticos. A diversificação e especiação dos focídeos
    no Atlântico Norte provavelmente foi afetada por eventos glaciais.
    Tanto os cetáceos como os sirênios tiveram uma origem Tethyana. Os odontocetos e
    os misticetos mais antigos foram encontrados no hemisfério sul e aparentemente a evolução
    do mecanismo de alimentação por filtração dos misticetos está ligada ao início da Corrente
    Circumpolar Antártica e às rápidas mudanças criadas na produção zooplanctônica. Já  a
    recente diversificação dos cetáceos deve estar ligada a mudanças no nível do mar, que
    pode ter promovido o isolamento e especiação em alguns casos e extinção em outros. Para os sirênios, apesar de terem tido uma grande diversidade no passado, o esfriamento do
    clima no final do Mioceno deve ter reduzido a disponibilidade de fanerógamas marinhas,
    diminuindo a disponibilidade de recursos. A linhagem que deu origem a vaca-marinha de
    Steller provavelmente foi uma adaptação para climas mais frios, e habitava o Mar de Bering
    até ser extinta pelo homem.


    Sistema Tegumentário
    O tecido tegumentário dos mamíferos marinhos funciona na proteção,
    termorregulação e comunicação. A pele dos cetáceos e sirênios se distingue dos outros
    mamíferos pela ausência de glândulas e pelagem. A camada epidérmica externa da pele
    das belugas é única entre os cetáceos por apresentar uma muda anual.
     A camada interna da pele (hipoderme) forma o  blubber, um tecido conectivo frouxo
    composto de células adiposas entremeadas de feixes de colágeno, que se conecta
    fracamente ao tecido muscular subjacente. O blubber tem espessura e conteúdo lipídico
    variável, sendo sujeito a variações ligadas à idade, sexo, individuais e sazonais.
    Os padrões de cor na pele e pelagem dos mamíferos marinhos tem como funções
    principais a camuflagem ou comunicação. Cracas e piolhos-de-baleia (crustáceos anfípodes
    do gen. Cyamus) que se instalam na pele das baleias são provavelmente mutualistas ou
    comensais ao invés de parasitas. É possível até que os piolhos-de-baleia sirvam como
    indicadores dos cardumes de zooplâncton.
    A pelagem dos pinípedes, da lontra marinha e do urso-polar consiste de pêlos de
    guarda longos e espessos, com uma camada inferior de pêlos menores e mais finos. Estes
    últimos são os principais responsáveis pelo isolamento térmico, ao aprisionar bolhas de ar e
    não permitirem que a água encoste na pele. Uma camada de “tecido adiposo marrom” em
    focas recém-nascidas ajuda a mante-las aquecidas através de termogênese "sem arrepio",
    até que esta gordura se converta em blubber isolante. Uma vez que o poder isolante do
    blubber é uma função da sua espessura, espécies de clima mais frio tendem a ter um
    blubber mais espesso do que espécies que habitam águas tropicais. Pesquisas relacionadas
    à termorregulação de focas indicam que a temperatura do ar é um importante fator limitante
    na sua distribuição geográfica. Sistemas de contracorrente de troca de calor, que servem na
    termorregulação, estão presentes nas nadadeiras dorsais, peitorais e caudais, bem como
    nos órgãos reprodutivos dos mamíferos marinhos. Uma outra estratégia adotada pelos
    mamíferos marinhos para reduzir a perda de calor para o ambiente foi a redução da sua
    superfície e aumento do tamanho, o que diminui a relação superfície:volume


    Sistema Nervoso e Sentidos
    Um dos aspectos mais discutidos do sistema nervoso dos mamíferos marinhos é o
    relativamente grande tamanho cerebral de alguns odontocetos e sua suposta relação com a
    inteligência. Comparações entre o quociente de encefalização (relação entre peso do corpo
    e peso do cérebro, QE, Tabela  1) de diversos mamíferos marinhos mostram que os
    golfinhos tem a maior relação entre peso do cérebro e peso do corpo, e que isto está
    provavelmente relacionado com padrões de história de vida, tais como estratégias
    alimentares e comportamento social.

    . O QE de sirênios está entre os mais baixos de todos
    os mamíferos e foi relacionado à sua baixa taxa metabólica e longo período de crescimento
    pós-natal.
    Tabela 1. Quocientes de encefalizaçào de diversas espécies.
    Espécie                            Peso do Cérebro (g)         Peso do Corpo (kg) (Cérebro /Corpo) x 100

    Otarídeos
    Callorhinus ursinus                355 250 0.142
    Zalophus californianus          363 101 0.359
    Otaria flavescens                 550 260 0.211
    Focídeos
    Erignathus barbatus             460 281 0.163
    Halychoerus gripus              320 163 0.196
    Leptonychotes
    weddelli                              550 400 0.138
    Hydrurga leptonyx              542 222 0.244
    Odobenidae
    Odobenus rosmarus          1020 600 0.170
    Sirênios
    Trichechus manatus             360 756 0.047
    Misticetos
    Balaenoptera physalus       6930 81720 0.008
    Odontocetos
    Tursiops truncatus             1600 154 1.038
    Delphinus delphis                840 100 0.840
    Globicephala melas           2670 3178 0.074
    Orcinus orca                     5620 5448 0.103
    Physeter catodon              7820 33596 0.023
    Humano                           1500 64 2.344

    Com exceção da audição (que será discutida posteriormente) a visão é o sentido
    mais desenvolvido e estudado. O olho dos mamíferos marinhos é caracterizado por um
    tapetum lucidum bem desenvolvido, que funciona para aumentar a sensibilidade do olho a
    baixos níveis de luminosidade, e por glândulas de Harderian que produzem um muco
    oleaginoso para proteger o olho. O sistema de acomodação  (i.e. musculatura ciliar) que serve para alterar o poder de refração da lente, é especialmente bem desenvolvido em
    pinípedes e na lontra-marinha quando comparado com cetáceos e sirênios. A demonstração
    da presença de percepção de cores em pinípedes, cetáceos e sirênios tem sido difícil,
    apesar da existência de estudos comportamentais e a presença tanto de cones como
    bastonetes na retina ter documentada para várias espécies. Os bulbos olfativos são
    pequenos nos pinípedes e ausentes nos odontocetos. Em contraste, os peixes-boi e as
    lontras-marinhas possuem relativamente grandes órgãos olfativos e presumivelmente uma
    maior sensibilidade olfativa.
    Sistema Urinário
    Os rins dos mamíferos marinhos são caracterizados por serem reniculados. Nestes
    animais cada rim é formado por pequenas unidades semi-independentes, os reniculi ou
    rinículos. Cada rinículo é como um pequeno rim em miniatura, com seu próprio córtex,
    medula e cálice, e os dutos dos diversos rinículos se unem para formar a uretra. Esta
    estrutura renal aumenta a capacidade de reter água, o que é vantajoso uma vez que os
    mamíferos marinhos são hiposmóticos com relação ao meio. O número de rinículos varia de
    centenas a milhares, e nem todos estão em ação obrigatoriamente. O número ativo se
    modifica de acordo com as condições ambientais, sendo maior nas espécies marinhas  e
    menor nas estuarinas.
    Controle Osmótico
    Por serem hiposmóticos com o meio, os mamíferos marinhos estão em constante
    risco de perder água para o ambiente. Para lidar com esse problema eles desenvolveram
    diversas estratégias para aumentar a retenção de água no organismo. A presença de
    rinículos nos rins, como visto acima, é uma delas. O epitélio nasal possui sistemas de
    contracorrente, que além de servirem para reter o calor, também absorvem o vapor d’água
    do ar exalado. O hábito de beber água salgada (mariposia) é maior em pinípedes de climas
    quentes, e pode ser um modo de eliminar nitrogênio. Para cetáceos já se observou que
    apesar de beberem pequenas quantidades de água do mar, ela não é essencial para sua
    sobrevivência
    O fato de ingerirem água do mar foi útil para detectar o momento de transição de
    água doce para o mar nos ancestrais dos cetáceos. O equilíbrio isotópico no fosfato dos
    dentes indica que os pakicetídeos (baleias ancestrais) dependiam de fontes terrestres de
    água e alimento. Somente no Eoceno médio surgem os cetáceos completamente marinhos.


    Sistema Músculoesquelético e Locomoção



    Os sistema muscular e esquelético são os responsáveis pelos movimentos dos
    mamíferos. A propulsão nos mamíferos marinhos é feita através de movimentos das
    nadadeiras pares (pinípedes e lontras-marinhas) ou movimentos verticais da nadadeira
    caudal (cetáceos e sirênios).
    Apesar de se basear nas nadadeiras, a movimentação dos pinípedes é feita
    diferentemente entre os otarídeos e focídeos. Os otarídeos se valem das nadadeiras
    dianteiras enquanto que focídeos e odobenídeos utilizam as traseiras. Devido  à
    impossibilidade de rodar as nadadeiras traseiras para frente, os focídeos se locomovem em
    terra por ondulações do corpo (ondulação sagital), enquanto que os otarídeos  e
    odobenídeos utilizam uma locomoção ambulatorial.
    Os cetáceos arcaicos possuíam uma pélvis bem desenvolvida e membros traseiros,
    podendo provavelmente andar em terra. Cetáceos mais divergentes apresentavam os
    membros traseiros reduzidos e vértebras sacrais com grandes processos, o que indicava
    que a ondulação caudal estava desenvolvida.
    O crânio dos cetáceos difere do crânio típico dos mamíferos, devido ao processo de
    telescopia, o resultado da migração das narinas externas para uma posição dorsal do
    crânio. Já o crânio dos sirênios se distingue por uma pré-maxila virada para baixo, resultado
    de uma adaptação para a alimentação bentônica. Os sirênios também são caracterizados
    por apresentarem paquiostose, que auxilia no controle da flutuabilidade.
    Respiração e Fisiologia do Mergulho
    Devido a sua necessidade de procurar e capturar seu alimento embaixo d’água, os
    mamíferos marinhos enfrentam um problema raramente enfrentado por seus parentes
    terrestres: a falta de ar. Durante o tempo em que ficam sem respirar, os mamíferos marinhos
    enfrentam uma série de problemas. Primeiro as reservas de oxigênio começam a se exaurir.
    Depois, devido a ausência de ventilação, o CO2 e lactato aumentam no sangue e músculos,
    causando uma acidificação do soro sangüíneo e do meio intracelular. Se há a manutenção
    de movimentos musculares, estes são mantidos por metabolismo anaeróbico aumentando
    os níveis de lactato ainda mais. E a medida em que se deslocam para maiores
    profundidades, a pressão da água passa a comprimir os tecidos com espaços cheios de ar,
    podendo colapsa-los. Absorver gases sob pressão pode ser danoso para os animais, já que
    o oxigênio pode ser tóxico em altas concentrações, o nitrogênio pode ter efeito narcótico e
    ambos podem formar bolhas nos tecidos durante um retorno à superfície.

    Para evitar esses problemas, os mamíferos marinhos possuem uma série de
    adaptações. Inicialmente, as narinas se encontram fechadas na posição de repouso. Isso
    diminui o gasto energético em manter a água fora do trato respiratório e reduz os riscos de
    uma inalação involuntária de água. A circulação se altera, havendo uma vasoconstrição
    periférica e central, e a circulação sangüínea fica restrita quase que unicamente ao cérebro
    e coração. Ocorre também bradicardia (redução dos batimentos cardíacos), que pode variar
    para 20 a 50% do normal em cetáceos ou até 90% em alguns focídeos. O volume de
    sangue (e consequentemente de O2) chega a ser de duas ou três vezes maior do que dos
    mamíferos terrestres,. Muito desse sangue fica armazenado em vasos sangüíneos mais
    largos e em numerosas retia mirabilia que se localizam no dorso da cavidade toráxica e nas
    extremidades do corpo. Estas retia mirabilia além de servirem como reservatórios de
    sangue, também atuam como mecanismos de contracorrente para a conservação de calor.
    Além disto, em pinípedes o baço é relativamente grande (45% do peso corporal) e também
    age como uma reserva de sangue, havendo uma correlação em focídeos entre tempo de
    mergulho e tamanho do baço.
    O oxigênio disponível no sangue é consumido relativamente rápido, mas os
    mamíferos marinhos possuem grandes quantidades de mioglobina. Esta é uma molécula
    que se liga ao oxigênio (similar a hemoglobina) mas que fica nas células musculares.  A
    mioglobina possui uma maior afinidade ao oxigênio do que a hemoglobina, e só começa a
    libera-lo quando esta última já o fez.


    Produção de Sons e Ecolocalização
    A maior densidade da água, comparada com o ar, faz com que os sons sejam
    transmitidos por distâncias maiores neste meio. Os cetáceos e pinípedes produzem uma
    grande variedade de sons, tanto dentro como fora d’água, que servem para comunicação,
    ecolocalização e captura de presas (Tabela 2). A maioria dos sons aéreos produzidos pelos
    pinípedes são gerados na laringe. As lontras produzem vocalizações de baixas intensidade
    e freqüência, similares às dos pinípedes. Os sirênios produzem sons modulados de baixa
    freqüência (“assobios”), possivelmente se originando na região frontal da cabeça, similar às
    baleias. Estas últimas, apesar de possuírem uma laringe não apresentam cordas vocais, e
    se supõe que a produção dos sons seja feita nos seios cranianos.
    Os odontocetos possuem o mais complexo sistema de produção e recepção de sons
    dos mamíferos marinhos. A geração do som se faz em uma série de sacos nasais
    localizados logo abaixo do orifício respiratório, em um complexo estrutural denominado
    bursa dorsal/museu de singe. A este sistema de geração está ligado uma estrutura de
    direcionamento e propagação, denominada de melão. Este corresponde à “testa” globosa

    dos golfinhos, e é formado por lipídeos de baixa densidade, servindo como uma lente
    acústica para formar um feixe acústico focalizado. Já a recepção é feita principalmente
    através de uma janela acústica localizada nas mandíbulas, onde o osso é excepcionalmente
    fino. Esta área é preenchida por um corpo gorduroso (líquido à temperatura do corpo) que
    se liga diretamente aos ossos do ouvido médio, o complexo timpâno-periótico. Este corpo
    gorduroso age como um canal de baixa densidade para transmissão de sons.
    Uma das características mais interessantes dos odontocetos foi o desenvolvimento
    da ecolocalização. O processo de ecolocalização se dá através da geração e emissão de
    curtos pulsos sonoros e a recepçào de seus ecos, após terem refletido em algum objeto. Ao
    analisar o tempo que o eco levou para retornar, o animal pode estimar distâncias, e através
    das mudanças no pulso sonoro podem detectar o tamanho e forma do objeto. Os misticetos
    não exibem ecolocalização.



    Dieta e Estratégias Alimentares
    A dieta e as estratégias alimentares dos mamíferos marinhos refletem diretamente os
    padrões de produtividade primária do ambiente, mesmo que a maioria prede animais
    relativamente grandes, distanciados vários níveis dos produtores primários. De um modo
    geral os mamíferos marinhos ocupam o limite superior de tamanho dos organismos
    marinhos, o que faz com que certos itens alimentares fiquem indisponíveis para eles devido
    à disparidade de tamanho. Os misticetos e alguns pinípedes (foca-caranguejeira e focaleopardo) possuem adaptações para consumir presas pequenas (alguns cm de
    comprimento), mas nenhum mamífero marinho se alimenta de fitoplâncton.
    Os sirênios são os únicos unicamente que se alimentam de produtores primários
    (gramíneas marinhas), e sua distribuição é restrita às águas rasas costeiras onde ocorrem
    plantas de maior tamanho. Devido à grande quantidade de areia ingerida durante  a
    alimentação e à relativa “dureza” do alimento, os dentes dos sirênios se desgastam e são
    continuamente substituídos por novos dentes. No dugongo há uma substituição vertical  e
    nos peixes-boi marinhos a substituição é horizontal, com os dentes velhos sendo
    empurrados para frente. O trato digestivo de ambas as espécies é muito longo, com  o
    estômago constituído de um saco simples, seguido de uma ampola duodenal e um par de
    divertículos duodenais. O intestino delgado costuma ter metade do tamanho do grosso,  e
    este último pode chegar a 30m no dugongo e 20m no peixe-boi. A principal área de
    absorção parece ser o intestino grosso.

    Os pinípedes predam tipicamente peixes e lulas, pequenos o suficiente para serem
    engolidos inteiros. Em alguns poucos casos os pinípedes trazem presas maiores para  a
    superfície e a consomem em pedaços. As focas-leopardo são as mais conhecidas por se
    alimentarem de aves marinhas, especialmente pingüins, mas várias espécies do gênero
    Arctocephalus também os predam. Os pinípedes forrageiam tanto em grupo como
    isoladamente, dependendo do tipo de presa. Peixes que não formam cardumes,
    invertebrados bentônicos ou pequenos animais de sangue quente costumam ser capturados
    por animais sozinhos. Já as espécies que costumam se alimentar de peixes de cardume ou
    lulas, costumam caçar em grupo. As morsas empregam um sistema de sucção para se
    alimentar de bivalves, utilizando a língua como um pistão para remove-los das suas
    conchas. As grandes presas das morsas são usadas unicamente para exibição social.
    Os misticetos possuem fileiras de barbatanas ou “baleens” (placas de tecido epitelial
    queratinizado) suspensas a partir do céu-da-boca, que são utilizadas para filtrar plâncton e
    pequenos peixes. Eles empregam três tipos estratégias diferentes de alimentação: escumar
    (balaenídeos), engolfar (rorquais) e escavação (eschrichtiidae). No primeiro as baleias
    nadam com as bocas abertas na linha d’água e ao se locomoverem vão filtrando a água
    passivamente. Já as engolfadoras se aproximam de um cardume de peixes ou zooplâncton
    e abrem a boca sobre este. Estas espécies possuem sulcos na região da garganta que
    permitem a expansão desta área e com isso engolfa uma maior quantidade de água.  A
    língua é usada como um pistão, reduzindo a cavidade bucal e expelindo a água através das
    barbatanas. A baleia-cinza é a única a empregar a técnica de escavação, elas rolam de lado
    sobre o sedimento, sugando lama e crustáceos bentônicos, que depois são filtrados através
    das barbatanas.
    Os grandes misticetos geralmente se alimentam em altas latitudes durante o verão e
    migram longas distâncias para regiões mais quentes durante o inverno para se reproduzir.
    Isto permite que eles aproveitem a maior produtividade das altas latitudes mas também
    aumentem a sobrevivência dos filhotes, que possuem uma menor resistência às baixas
    temperaturas.
    As estratégias alimentares dos odontocetos são muito variadas, mas de um modo
    geral consomem peixes e lulas em profundidades maiores do que dos misticetos. A maior
    parte dos odontocetos possui um grande número de dentes homodontes de forma cônica,
    que são úteis apenas para capturar a presa e não para rasgar ou mastigar o alimento. O
    número e forma dos dentes e  mandíbula costumam refletir a dieta da espécie. Algumas
    espécies se caracterizam por uma redução no número de dentes (baleias bicudas  e
    cachalotes) e um mecanismo de sucção para capturar o alimento, no qual fendas na
    garganta e músculos da língua servem para distender e contrair o fundo da boca. Mais do que características morfológicas, a grande diversidade de estratégias de forrageamento se
    dá principalmente devido à grande plasticidade comportamental dos odontocetos. Muitas
    vezes populações adjacentes da mesma espécie utilizam recursos diferentes ou estratégias
    de captura diferenciadas. Muitas vezes há a transmissão de estratégias de caça de uma
    geração para outra.
    As lontras marinhas possuem dentes arredondados para mastigarem as conchas e
    exoesqueletos de suas presas, principalmente invertebrados bentônicos. São considerados
    predadores chave nas comunidades de kelp, sendo muito importantes para a manutenção
    de baixos níveis de herbivoria sobre as algas. Estudos da influência de lontras-marinhas nas
    interações planta-herbivoro revelam que a predação das lontras no Pacífico Norte possa ter
    sido um importante fator na evolução de uma flora marinha vulnerável à herbivoria.
    Os ursos-polares se diferenciam dos outros mamíferos marinhos, se alimentando
    principalmente de focas. Se alimentam principalmente dos filhotes, que possuem um alto
    teor de gordura (até 50%), o que garante grande parte de suas reservas anuais de energia.
    A estratégia alimentar dos ursos-polares é caracterizada por jejuns prolongados que
    ocorrem, em parte, pelo declínio da disponibilidade de suas presas e em parte pelas
    atividades reprodutivas.


    Reprodução
    Sistema Reprodutivo
    As estruturas reprodutivas dos mamíferos marinhos são similares às dos mamíferos
    terrestres. Os cetáceos tem a peculiaridade de que os corpora albicans permanecem por
    toda a vida do animal, servindo como um registro de ovulações passadas. Isso faz com seja
    possível examinar a história reprodutiva de baleias individuais, pois cada corpus albicans
    representa uma ovulação (independente se houve ou não uma gravidez). O momento da
    ovulação e estro (cio) varia entre as espécies. Focídeos e otarídeos possuem um cio pósparto que estabelece uma janela temporal de um ano entre a cópula em uma estação
    reprodutiva e nascimento na seguinte. Para ajustar uma gestação de menos de um ano para
    um ciclo de um ano ocorre um retardamento da implantação do zigoto, iniciada
    provavelmente por gatilhos ambientais. Esta estratégia permite que o parto e cruzamento
    ocorram em um relativamente curto período de tempo, e faz com que os filhotes nasçam em
    uma época ideal para sua sobrevivência. Os cetáceos apresentam ciclos reprodutivos
    multianuais, com nascimento e cópula separados por pelo menos um e algumas vezes dois
    ou mais anos. A gestação na maior parte dos mamíferos marinhos é de aproximadamente
    um ano. Comparativamente com outros mamíferos, os pinípedes (especialmente focídeos) e
    misticetos produzem um leite com alto conteúdo energético, rico em gordura.

    Como em todos os mamíferos placentários, o fornecimento de alimento à cria até
    que sta esteja nutricionalmente independente é a parte mais cara em termos de energia do
    processo reprodutivo. Com raras exceções, nos mamíferos marinhos esta é uma obrigação
    exclusivamente materna. As estratégias maternais podem ser divididas em três tipos: jejum
    (ex. focídeos e misticetos), ciclos de forrageamento (ex. otarídeos) e amamentação aquática
    (ex. morsas, odontocetos, sirênios, lontras-marinhas e ursos-polares). Na primeira as mães
    não se alimentam enquanto amamentam os filhotes, com a produção do leite se baseando
    unicamente nas reservas da mãe. A segunda consiste em as mães abandonarem os filhotes
    por um período de tempo variável enquanto procuram por comida. Já na última os filhotes
    acompanham as mães onde quer que elas vão, sendo amamentados quando necessário,
    quer sejam em terra, na água ou no gelo.
    Acasalamento
    Os sistemas de acasalamento dos mamíferos marinhos incluem monogamia,
    poligamia e promiscuidade. Entre os pinípedes, todos os otarídeos e muitas espécies de
    focídeos são poligínicas. Quase todos os pinípedes que se reproduzem em terra são
    extremamente poligínicos e com grande dimorfismo sexual. Como os machos poligínicos
    tem de competir pelo controle reprodutivo das fêmeas, esta competição gira em torno ou do
    estabelecimento e defesa de territórios (poliginia por defesa de recursos) ou  o
    estabelecimento de hierarquias de dominância (poliginia por defesa de fêmeas ou haréns).
    Os pinípedes que cruzam na água ou no gelo (morsas e focas) usualmente evidenciam um
    nível reduzido de poliginia, explicado em parte pela dificuldade de defender um recurso ou
    acesso a fêmeas em um ambiente instável. Em tais ambientes (ao contrário de em terra) as
    fêmeas tem a vantagem seletiva de escolher o macho com o qual ela vai cruzar. Sistemas
    de “lek” ou similares a estes foram sugeridas para a morsa do Pacífico, o leão-marinho da
    Califórnia e o leão-marinho de Hooker.
    A evolução dos sistemas de acasalamento está ligada ao substrato no qual ocorrem
    os nascimentos. As espécies que se reproduzem em terra utilizam ou ilhas nas quais não
    existem predadores terrestres ou em locais de difícil acessibilidade destes. Isto limita as
    áreas disponíveis para reprodução e permite o surgimento de poliginia por controle de
    recursos por parte dos machos. Isto também pode ocorrer, mas em menor escala, nas
    espécies que utilizam gelo consolidado, no qual os buracos para acesso à água são
    controlados por machos. Nas espécies com poliginia os machos costumam ser maiores que
    as fêmeas e ter uma longevidade menor.

    O acasalamento em cetáceos e sirênios costuma ser promíscuo. Os misticetos
    exibem um dimorfismo sexual reverso (fêmeas maiores que machos), e deve estar
    associado com os maiores gastos energéticos do rápido crescimento fetal e da lactação. Na
    época da reprodução costumam ser observados em grupos pequenos nos quais diversos
    machos competem por uma fêmea. O grande tamanho dos testículos das baleias-franca
    sugere que haja competição espermal. Os odontocetos costumam viver em grupos sociais
    mais estáveis que os misticetos, e em algumas espécies formam laços que duram por
    muitos anos. Nas espécies de golfinhos que já foram estudadas os machos costumam
    formar grupos que competem por fêmeas no cio. Em cachalotes e orcas os grupos são
    matrilineares e os cruzamentos ocorrem entre machos de fêmeas de grupos diferentes.
    O comportamento sexual dos dugongos difere dos peixes-boi principalmente devido
    à intensidade da competição entre machos por fêmeas, apesar de alguns trabalhos sugerirem uma estratégia de lek e menor assédio. Lontras e ursos-polares também são
    poligínicos. As lontras machos estabelecem territórios de procriação que englobam  o
    território de várias fêmeas. A dispersão das fêmeas de ursos-polares faz com que na
    primavera, época de acasalamento, os ursos machos percorram grandes áreas em busca
    de fêmeas.
    Estrutura e Dinâmica Populacional
    Os mamíferos marinhos são espécies k-estrategistas, com padrões de vida
    (bionomias) baseados em baixas taxas de natalidade e mortalidade, que evoluíram para
    manter tamanhos populacionais relativamente estáveis na capacidade de suporte do
    ambiente ou próximos a esta. O número de filhotes que uma fêmea pode ter ao longo de
    sua vida dependerá da freqüência de prenhez (nunca maior do que 1 por ano), da duração
    de sua vida reprodutiva e em ursos polares, do número de filhotes por gestação (em todos
    os outros as fêmeas normalmente só dão a luz a um filhote por gestação). As taxas de
    natalidade podem variar com a idade da fêmea, aumentando em algumas espécies  e
    diminuindo em outras. As taxas de crescimento dos filhotes variam consideravelmente entre
    espécies, indo de 0,07 kg/dia em lobos-marinhos a 108 kg/dia na baleia-azul.
    A determinação das idades é essencial para estimar diversos parâmetros da
    estrutura populacional. Em odontocetos e pinípedes isto pode ser feito através da contagem
    de anéis de crescimento nos dentes. Nos misticetos isto é feito através dos plugs auditivos,
    que também exibem uma estrutura de deposição anual. Na maior parte das espécies  a
    maturidade sexual antecede a maturidade física, o que faz com que o sucesso reprodutivo
    se diferencie de acordo com a idade do animal. Para as espécies com dimorfismo sexual é
    comum um atraso na idade de maturação sexual dos machos, para permitir um período de
    rápido crescimento corporal, fazendo com que fiquem maiores do que fêmeas da mesma
    idade. A idade de maturação sexual, em algumas espécies, parece estar relacionada com a
    densidade das colônias de reprodução e alimentos. Com baixas densidades e maior
    disponibilidade de alimentos, a maturação ocorre mais cedo.
    As causas comuns de mortalidade natural em populações de mamíferos marinhos
    incluem predação, parasitas, doenças, fome e trauma. A mortalidade por causas humanas
    será discutida separadamente. A curva de mortalidade x idade possui uma forma de “U”,
    com altas mortalidades de animais jovens, seguidas de vários anos com baixas mortalidade
    e aumento nas taxas de mortalidade nas idades mais avançadas. Em diversas espécies de
    pinípedes e cetáceos, as taxas de mortalidade para o primeiro ano chegam a 50%. Para
    pinípedes, a mortalidade nas colônias de reprodução é causada principalmente por
    ferimentos caisados por adultos. Mesmo assim, as taxas de sobrevivência de filhotes de mães isoladas é menor do que nas colônias. Focas-leopardo, leões-marinhos machos
    adultos, orcas e tubarões são os principais predadores marinhos ao redor das colônias.
    Eventos de grande mortalidade causadas por vírus já foram registrados em diversas
    espécies ao longo da história. Os principais causadores destas epidemias são os chamados
    morbillivirus. Estudos sobre a variabilidade genética do sistema imune de algumas espécies
    de mamíferos marinhos mostraram baixa diversidade. Isto poderia indicar que eles estão
    sujeitos a exposição de poucos patógenos (menor pressão de seleção Þ menor
    variabilidade), o que os tornaria susceptíveis a mortalidades em massa induzidas por novos
    patógenos.
    Para o monitoramento das populações de mamíferos marinhos, são necessárias
    técnicas que permitam a re-identificação de um mesmo animal ao longo do tempo. Para isto
    são utilizadas técnicas de marcação de nadadeiras, foto-identificação, telemetria por rádio e
    satélite e uma grande variedade de técnicas moleculares (cromossomos, isoenzimas,
    sequenciamento de DNA). As técnicas moleculares tem sido cada vez mais usadas para
    identificar indivíduos, sexo, paternidade, tamanhos populacionais e limites populacionais.
    Informações sobre limites e tamanhos de populações são essenciais para identificação de
    estoques e tomada de decisões de manejo.






    Bibliografia recomendada




    As informações que constam nesta apostila foram compiladas a aprtir de diversos
    livros e artigos científicos, e citar a todos transformaria esta apostila em uma revisão sobre o
    tema. Entretanto, a maior parte dos dados apresentados nas tabelas e figuras foram
    compiladas a partir dos trabalhos abaixo.
    Berta, A. & Sumich, J.L. 1999. Marine Mammals - evolutionary biology. Academic Press,
    San Diego.
    Hetzel, B. & Lodi, L. 1993. Baleias, botos e golfinhos: guia de identificação para o Brasil.
    Nova Fronteira, Rio de Janeiro.
    Jefferson, T. A.; Leatherwood, S. & Webber,M. A. 1993. FAO species identification guide.
    Marine mammals of the world. FAO, Roma.
     Leatherwood, S. & Reeves, R. 1983. The Sierra Club Book of Whales and Dolphins. San
    Francisco: Sierra Club Books.
    Mann, J.; Connor, R. C.; Tyack, P. L. & Whitehead, H. (eds.) 1999. Cetacean Societies:
    Field Studies of Dolphins and Whales. University of Chicago Press, Chicago.
    Pinedo, M. C.; Rosas, F. C. W. & Marmontel, M. 1992. Cetáceos e Pinípedes do Brasil: Guia
    para a identificação das espécies. Manaus: UNEP/FUA.
    Reeves, R. R.; Stewart, B. S. & Leatherwood, S. 1992 The Sierra Club Handbook of Seals
    and Sirenians. San Francisco: Sierra Club Books.
    Reynolds J. E. & Rommel S. A. (eds.). 1999. Biology of Marine Mammals. Smithsonian
    Institution Press, Washington.1999.
    Rice, D.W. 1998. Marine mammals of the world – systematics and distribution. Special
    Publication No. 4. Society for Marine Mammalogy, Lawrence.

    Mamífero marinho


    Um mamífero marinho é um mamífero que habita primariamente o oceano ou depende do oceano para alimentar-se. Os mamíferos evoluíram originariamente do mar para a terra, porém mais tarde os mamíferos marinhos evoluíram para viver novamente no oceano.
    Existem seis grupos de mamíferos marinhos:
    1. Ordem Sirenia: peixe-boi, dugongo.
    2. Ordem Carnivora, família Ursidade: urso-polar
    3. Ordem Carnivora, superfamília Pinnipedia: pínipedes, leão-marinho e morsa
    4. Ordem Carnivora, família Mustelidae: lontra-marinha e lontra-felina
    5. Ordem Cetacea: baleia, golfinho e marsuíno
    6. Ordem †Desmostylia
    Quando grupos diferentes de mamíferos marinhos originam-se de diferentes ancestrais, este é um caso de convergência evoluitiva.
    Como os mamíferos desenvolveram-se originariamente na terra, sua espinha dorsal é otimizada para correr, permitindo movimentos verticais, mas pequenos movimentos laterais. Além disso, os mamíferos marinhos nadam tipicamente movendo sua espinha para cima e para baixo. Por contraste, os peixes normalmente nada movendo sua espinha para os lados. Por esta razão, a maioria dos peixes têm uma nadadeira vertical na cauda, enquanto os mamíferos marinhos possuem nadadeira horizontal na cauda.
    Algumas das diferenças principais entre os mamíferos marinhos e outros habitantes marinhos são:




    • Mamíferos marinhos respiram ar, enquanto a maioria dos outros animais marinhos extraem o oxigênio da água.
    • Mamíferos marinhos possuem cabelos. Cetáceos possuem pouco ou nenhum cabelo, geralmente algumas poucas cerdas ao redor da cabeça ou boca. Todos os membros da ordem Carnivora têm uma camada de pele ou cabelo, mas são mais espessos e importantes para a termoregulação em lontras marinhas e ursos polares do que em focas ou leões marinhos. As densas camadas de pele contribuem para arrastar-se enquanto nada, tornando os mamíferos lentos, o que causa uma desvantagem na velocidade do nado.
    • Mamíferos marinhos possuem grossas camadas de gordura, usadas para isolar seus corpos e prevenir a perda de calor. Lontras marinhas e ursos polares são exceção, dependendo mais da pele pala se afastar da hiportemia.
    • A maioria dos mamíferos marinhos dão à luz um filhote por vez, e não são capazes de parir gêmeos ou ninhadas maiores.